terça-feira, 26 de abril de 2016

Expansão Marítima e Comercial Europeia


          Durante os séculos XV, XVI e XVII alguns reinos europeus organizaram expedições marítimas que exploraram os oceanos e encontraram rotas para todas as partes do mundo. África, Ásia e América passaram a ser sistematicamente exploradas, suas populações sofreram dominação e as suas matérias primas foram levadas, o que enriqueceu a Europa.

O comércio que era restrito as rotas de caravanas terrestres e aos mares que banham a Europa passou a ser mundial. Frequentemente dizemos que esse seria o início do processo de “globalização”.
 

I – Pré-condições

Para que fosse possível a expansão marítima acontecer algumas condições prévias se desenvolveram.
- Formação dos Estados Nacionais – centralização política e administrativa sob a liderança dos reis.
- Desenvolvimento técnico – armas de fogo, aperfeiçoamento dos navios, instrumentos de navegação, abundância de capitais, interesse produtos orientais (especiarias) sem a intermediação das cidades italianas e mercadores muçulmanos (monopólio árabe-italiano sobre o comércio de especiarias).
- Carência de metais preciosos – desejavam encontrar ouro e prata fora da Europa; faltava metais para fabricar moedas.

- Excedentes populacionais disponíveis – para serem mobilizados como marujos, soldados, funcionários de “além-mar” e colonos (pessoas que aceitavam viver nas terras conquistadas).
- Disponibilidade de capitais para investir em expedições – Igreja (expansão da fé), burguesia (ampliação do comércio) e nobreza (terras), rei (ampliação do poder e do prestígio).
- Ideologia da expansão do cristianismo – desejava converter os pagãos de outros continentes.

II – Rota do Périplo Africano (ou Rota Oriental).
A ideia de contornar o continente africano para chegar às Índias foi desenvolvida por navegadores portugueses.
Portugal foi o pioneiro na expansão marítima por ter reunido condições para investir em navegações (expedições marítimas) muito antes dos outros reinos da Europa.

a) Pioneirismo português nas navegações
- Centralização precoce do poder do rei  A “Revolução de Avis” (1385) fez do rei D. João I o primeiro monarca em estilo moderno (quase absolutista).
Astrolábio 
- Desenvolvimento técnico – em Portugal aconteceu a invenção de muitos equipamentos usados em navegações (caravelas e naus, bússola, sextante, cartas náuticas, canhões adaptados aos navios, etc.).


     - Infante D. Henrique – filho caçula do rei D. João I com quer ficou a tarefa de organizar as expedições da primeira fase da expansão, incentivar o desenvolvimento técnico e encontrar fontes de capital (geralmente com a Igreja Católica).
   Sextante

Bússola                                                                                     Quadrante   

b) Périplo Africano

As expedições portuguesas encontravam terras cada vez mais ao sul da África, mas o projeto do “périplo africano” (contorno da África para chegar às Índias) só surgiu depois da morte do príncipe D. Henrique. Um sobrinho-neto do Infante D. Henrique se tornou rei, D. João II, e passou a investir na descoberta do “caminho marítimo para as Índias”.

 
Principais etapas das conquistas na África até o périplo:
- Segunda década do século XV as ilhas do Atlântico (Açores, Madeira e Cabo Verde) foram ocupadas.
- 1434 – os portugueses chegaram ao Cabo Bojador.
- 1460 – nesse ano, já se realizava um lucrativo comércio de escravos (de Senegal até Serra Leoa).
- 1462 – Pedro Sintra descobriu o ouro da Guiné.
- 1481 – decretado o monopólio régio (exclusividade da coroa) sobre a exploração colonial.
- 1488 Bartolomeu Dias contornou o Cabo da Boa Esperança.
- Entre 1497 e 1498 – Vasco da Gama chegou a Calicute, nas Índias dando por encerrada a aventura marítima portuguesa.
Assista ao vídeo produzido por portugueses explicando a expansão marítima no sentido técnico naval. Acesse o link:

https://www.youtube.com/watch?v=OigfEaxZRs4
 
        III – Rota Ocidental

A unificação da Espanha avançou quando o rei Fernão (Fernando), do “Reino de Aragão”, casou-se com a rainha Izabel, do “Reino de Castela”. Esse casamento juntou os dois reinos resultando no surgimento do “Reino da Espanha” (1479).
Em 1492 a rainha Isabel resolveu financiar um projeto de expedição que era muito ousado: navegar direto paro o Ocidente para chegar às Índias (Oriente). Era a ideia de um italiano chamado Cristóvão Colombo, que se baseava na teoria da esfericidade da Terra.
A expedição de Colombo resultou no início das explorações do “Novo continente”, ou Novo Mundo, (1492), que mais tarde passou a ser conhecido como “América”.
Outra expedição importante nessa fase foi a viagem comandada por Fernão de Magalhães, durou de 1519 a 1522. Ele recebeu a tarefa de encontrar o caminho marítimo para o Oceano Pacífico pela América. Sua esquadra contornou o extremo sul da América do Sul e atravessou o Oceano Pacífico. Magalhães morreu em conflito com nativos. Seu imediato, Sebástian Elcano, continuou cada vez mais para o Oeste, voltando para a Europa. Essa foi a primeira viagem de “circunavegação” (fez a volta no mundo). Foi a primeira prova prática de que a Terra tem formato esférico.

IV – Tratado de Tordesilhas (1494)
O rei D. João II, de Portugal, não aceitou que as terras encontradas ao Ocidente (a América) ficassem de posse da Espanha. Depois de alguma pressão e longas negociações foi assinado um acordo entra Portugal e Espanha: o “Tratado de Capitulación de Bipartición del Mar Oceano”, mais conhecido como “Tratado de Tordesilhas” (é o nome da cidade espanhola onde o acordo foi assinado.
Foi combinado em Tordesilhas que um meridiano que passaria a 370 léguas a oeste das ilhas Cabo Verde marcaria a divisão das terras encontradas. A leste do meridiano a posse seria portuguesa. A oeste seriam da Espanha.
Esse foi o primeiro tratado internacional em estilo moderno. Modelo seguido em muitos outros acordos internacionais criados posteriormente.
Obs – A parte da América que ficou com Portugal é o litoral leste da América do sul. Esse território deu origem ao Brasil. Se o Tratado de Tordesilhas foi assinado em 1494, em 1500 Cabral teria alguma coisa a descobrir, ao chegar ao Brasil?

V – Navegações tardias
França, Inglaterra e Holanda demoraram mais a centralizar o poder e formar seus Estados Nacionais Modernos. Essa demora limitou a capacidade desses países de lançarem-se à expansão marítima de forma eficiente.
Algumas expedições buscaram caminhos marítimos pelo norte para chegar ao Oriente. Essas tentativas colocaram os exploradores desses países em contato com a parte norte do continente americano. Esse fato explica a colonização anglo-francesa na América do Norte.
Há destaque para a segunda viagem de circunavegação. Essa expedição foi comandada pelo inglês Francis Drake.
Obs – Podemos dizer que a expansão marítima decorrente da fase das “Grandes Navegações” (séculos XV a XVII) difundiu o padrão cultural europeu nos continentes explorados comercialmente. No caso de América a imposição desse padrão causou consequências mais amplas devido a submissão imposta à população nativa no processo de conquista e colonização. Portanto, o “eurocentrismo” está intimamente ligado à expansão marítima e comercial europeia no mundo.
          – Ocorreu progressiva diminuição da importância do Mar Mediterrâneo na mesma proporção que crescia a importância das rotas comerciais que cruzam o Oceano Atlântico.

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