quinta-feira, 14 de junho de 2018

Exercícios – holandeses no Brasil


1) Forças militares holandesas ocuparam territórios do Brasil, na época colonial em duas ocasiões: 1624 - 1625, na Bahia, e 1630 – 1654, em Pernambuco.
(a) Por que Holanda e Espanha estavam em guerra entre o final do século XVI e meados do século XVII ? 
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(b) Comente o fato que levou o reino de Portugal a ser inserido nos conflitos entre Holanda e Espanha.
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(c) Explique a motivação holandesa para querer invadir o território do Brasil, na época colonial.
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2) Várias mudanças na política internacional, na Europa, apressaram o fim da dominação holandesa no Nordeste do Brasil, no século XVII. Entre elas o fim da União Ibérica e a Guerra do Frete.

(a) Qual foi a importância da participação de Domingos Fernandes Calabar na época da invasão holandesa a Pernambuco?    
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(b) Explique o motivo do governo holandês chefiado por Maurício de Nassau ter agradado até mesmo a muitos senhores de engenho no Brasil.
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(c)  Apresente a relação entre a expulsão dos holandeses do Brasil e a crise na economia açucareira brasileira a partir desta época.  
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Respostas 
1)
(a) A Holanda era parte do Reino dos Países Baixos Espanhóis. Devido a insatisfação da rica burguesia da região com o reinado de D. Felipe da Espanha, proclamou a independência. A tentativa do rei espanhol de impor seu domínio gerou longo o conflito entre Espanha e Holanda.
(b) Entre 1580 e 1640 o rei da Espanha era também rei de Portugal. Foi o período chamado União Ibérica. Dessa forma, os domínios de Portugal também passaram alvo de guerra.
(c) Os comerciantes holandeses tinham forte participação nos lucros da economia açucareira do Brasil. O rei espanhol, como medida restritiva ao adversário, decretou o chamado Embargo Espanhol. Toda a participação holandesa foi interrompida. Os holandeses resolveram tentar dominar a área produtora. Por isso o conflito ficou conhecido como Guerra do Açúcar.
2)
(a) Calabar tinha participação importante na defesa de Pernambuco, na época do ataque holandês. Um desentendimento entre ele e o governador Mathias de Albuquerque parece ter causado a sua mudança para o lado dos invasores. O conhecimento das estratégias de defesa, por Calabar, foi decisivo para a vitória dos invasores.
(b) Nassau concedeu empréstimos a senhores de engenho, deu a eles participação política (Câmara dos Escabinos), tentou controlar as perseguições religiosas contra os católicos locais e investiu em modernização e cultura.
(c) Cresceram os investimentos holandeses na produção de açúcar em ilhas do Mar das Antilhas. Isso criou forte concorrência ao açúcar brasileiro. A região antilhana está mais próxima da Europa (frete mais barato) e as técnicas de produção aplicadas eram melhores, o que proporcionava melhor produtividade. Além disso, outras metrópoles europeias passaram a produzir açúcar em ilhas antilhanas, agravando a concorrência.

sábado, 9 de junho de 2018

Formação territorial do Brasil (2) - Bandeirantismo, Economia Mineradora e Tratados de Limites


1 - Bandeirantismo     Com exercícios após o final da postagem
Geralmente o nome Bandeirismo é aplicado a expedições espontâneas (sem vínculo com autoridades), em oposição às Entradas, que ocorriam por ordem do rei, do governador Geral, do governador de capitania ou de alguma outra autoridade.
Essas expedições tinham como principal objetivo encontrar riquezas (metais preciosos e pedras preciosas) no interior. Com o tempo, outras atividades foram desenvolvidas pelos bandeirantes.
A maioria das expedições saíram da vila de São Paulo, navegaram em canoas pelos rios Tietê e Paraná e destes para quase todas as regiões do Brasil.
As bandeiras não povoaram, mas abriram caminho para a colonização de amplos territórios em regiões espanholas da América, que passaram ao controle português. A União Ibérica foi muito favorável às bandeiras, pois foi uma época em que os limites do tratado de Tordesilhas perderam importância.   

Foram os bandeirantes os responsáveis pelas descobertas de ouro e de pedras preciosas nas regiões atualmente chamadas de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

Podemos dizer que foram desenvolvidos os seguintes tipos de bandeiras:
- Bandeiras de Prospecção (ou mineração) - procura de riquezas minerais no interior.
- Bandeiras de caça ao índio – especializadas em atacar aldeias indígenas ou Missões de jesuítas espanhóis, onde capturavam índios para vender como escravos.
- Bandeirismo de contrato – grupos que se especializaram em atacar e destruir aldeias de índios rebeldes ou quilombos. O serviço era encomendado por uma autoridade ou por Câmaras Municipais.
- Monções – após a descoberta de ouro, em larga escala, alguns bandeirantes sem minas passaram a abastecer aos mineradores com mercadorias (mantimentos, ferramentas, armas, munição, etc. Continuavam a usar canoas e navegar pelos rios para cumprir essa tarefa.
2 - Regiões Mineradoras
Até 1693, quando o bandeirante Antônio Arzão encontrou um grande veio aurifico no rio Casca (região de Caetés), as ocorrências de ouro no Brasil eram de pequenas jazidas. Esgotavam-se em pouco tempo de exploração.
Após essa descoberta, muitas outras aconteceram. Por conta da abundância de ouro a região passou a ser denominada de Minas Geraes Del Rei.
Muita gente correu para a região em busca do enriquecimento rápido. Pessoas de outras províncias, da metrópole e até de outros países europeus. A população cresceu rapidamente.
Embora tendo emprego de índios como escravos, a maioria dos trabalhadores cativos era formada por africanos.
Mais tarde a interiorização avançou, resultando na descoberta de ouro também em Goiás e no Mato Grosso. (Ver Guerra dos Emboabas. – Link http://www.sohistoria.com.br/ef2/emboabas/)  

         Século do Ouro do Brasil. A expressão é muito usada para destacar a importância da produção do ouro brasileiro, durante o século XVIII. Alguns estudiosos calculam que a produção nesse período tenha superado largamente a produção de ouro da América Espanhola toda, durante o período colonial todo.

(a) Administração das Minas

- Intendência das Minas – tinha amplos poderes administrativos, fiscalizador e policial, distribuía datas (lotes de terra), além de ocasionalmente ser usado como tribunal para crimes ligados à mineração.
- Casas-de-fundição – local onde o ouro era derretido (fundido) e transformado em barras quintadas (já descontado o valor do principal imposto, o Quinto). Foi uma tentativa de impedir o contrabando do ouro, proibindo a circulação do ouro em pó e do ouro em pepitas. (ver Revolta de Vila Rica de 1720. – Link https://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_de_vila_rica.htm)
(b) Diamantes
A produção concentrava-se em torno de um povoado chamado Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina). Toda a ampla área ao redor era considerada Distrito Diamantino, com rígidas restrições e regras de controle rigorosas.
A Intendência dos Diamantes seria tecnicamente um órgão muito forte. Porém, na prática, a autoridade dos intendentes era ofuscada pelo poder do Contratador. Todo o comércio de pedras preciosas era centralizado nas mãos do contratador. Dessa forma, o indivíduo que fosse nomeado para essa função se tornaria muito poderoso. (Ver História da Chica da Silva. – Link https://educacao.uol.com.br/biografias/chica-da-silva.jhtm)
(c) Principais impostos
- Quinto – pago à coroa portuguesas. Era o principal imposto, com valor de 20% do peso do ouro, ou seja, 1/5).
- Capitação – imposto eclesiástico. Cobrado proporcionalmente ao número de escravos empregados pelo minerador. Muitos escravos, Capitação alta.
- Finta – substituiu a capitação por algum tempo. Era cobrado valor fixo anualmente.
- Derrama – cobrança violenta dos impostos considerados atrasados. A região toda sofria com essa cobrança.
(d) Sociedade – características gerais
- Escravista
- Urbana
- Com mobilidade social
- Desenvolvimento da arquitetura, arte e música barroca no Brasil. (ver links sobre Aleijadinho, http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8614/aleijadinho, e sobre a Arcádia Mineira, https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/arcadismo-no-brasil-neoclassicismo-na-literatura-mineira.htm).
Mudanças causadas pela economia mineradora:
- Rápido crescimento populacional do Brasil (século XVIII).
- Urbanização.
- Ocupação de regiões do interior.
- O eixo econômico foi transferido do Nordeste açucareiro para o Centro Sul minerador.
- Interligação econômica das diversas regiões do Brasil com as áreas mineradoras.
- Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763).

(e) Caminhos do Ouro – Caminho Real
Não seria correto chamar de estradas os caminhos trilhados por tropeiros de burros e mulas, que levavam ouro para os portos de exportação e subiam o planalto com mantimentos, ferramentas, armas, munição, etc.    


Na verdade, eram caminhos relativamente precários. Inicialmente a região das minas esteve ligada a São Paulo. O caminho mais importante e duradouro ligou Minas Gerais a Paraty (Caminho Velho). Mais tarde, devido a transferência da capital para o Rio de Janeiro, foi criado o Caminho Novo.     



(f) Destino do Ouro do Brasil
Alguns dizem que o século do ouro teria deixado Igrejas e buracos no Brasil, palácios em Portugal e fábricas na Inglaterra.
A transferência do ouro brasileiro para a Inglaterra foi resultado da assinatura do Tratado de Panos e Vinhos (1703), mais conhecido como Tratado de Methuen.
Com esse acordo os portugueses se comprometiam a vender toda a sua produção de vinho para os ingleses e a comprar tecidos apenas da Inglaterra. O resultado foi o desaparecimento da indústria portuguesa e a crescente dependência de Portugal em relação a importações de produtos britânicos. O saldo comercial era negativo para Portugal. Isso obrigava a usar o ouro proveniente do Brasil para pagar às dívidas comerciais.
Por causa desse acordo o ouro produzido no Brasil ajudou na acumulação de capitais, na Inglaterra, que permitiu a Revolução Industrial naquele país.
3 - Fronteiras (tratados de limites)
(a) Tratado de Madrid
Além do avanço sobre a Amazônia, sobre o Mato Grosso e sobre o interior da Região Sul, os portugueses desenvolveram um plano de ocupação militar e de povoamento do litoral sul até a foz do Rio da Prata. O controle da bacia hidrográfica do Prata era um objetivo de Estado para o governo português. Para atingir esse objetivo, foi construído um forte na foz do Rio da Prata, que deu origem à Colônia do Santíssimo Sacramento (1680).
A reação espanhola foi rápida. Fundaram a cidade de Buenos Aires do lado oposto da foz do rio, quase em frente a Sacramento. A partir dessa época, os conflitos luso-espanhóis cresceram na região.
O diplomata português chamado Alexandre de Gusmão foi escalado para negociar com os espanhóis. Ele argumentou que os portugueses já ocupavam amplas áreas além dos limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Evocou o princípio de uti possidetis (direito de posse a quem usa), encontrado no direito romano, para justificar as pretensões portuguesas. Obteve sucesso em quase tudo.
Acertou com os espanhóis, que não abriam mão do controle da foz do Rio da Prata, que compensariam aos portugueses. Dessa forma, para Portugal devolver a Colônia do Santíssimo Sacramento os espanhóis entregaram a região dos Sete Povos das Missões do Rio Uruguai. Foi, portanto, uma troca.
Com essas bases foi assinado, em 1750, o Tratado de Madrid, que deu ao Brasil uma configuração territorial muito próxima do mapa atual.     


(b) Distrato de El Pardo
As forças portuguesas foram impedidas, pela população local, de tomar posse da Região dos Sete Povos das Missões. Os habitantes eram índios guaranis, catequisados por padres jesuítas espanhóis. Índios, incitados pelos padres, não aceitaram a dominação portuguesa (relacionavam os portugueses com os bandeirantes que atacavam as missões para aprisionar índios e vende-los como escravos).
Dessa forma começaram as Guerras Guaraníticas (1753 – 1756). As forças portuguesas dominaram e destruíram as missões jesuíticas daquela região.
O primeiro ministro português, o Marquês de Pombal (ver link https://educacao.uol.com.br/biografias/marques-de-pombal.htm), entendeu que os espanhóis receberam a Colônia de Sacramento sem dar a Portugal nada em troca. Considerou que, se os lusitanos tiveram que fazer a guerra para dominar os Sete Povos, têm direito por conquista militar sobre a região.
O Marquês anulou o Tratado de Madrid com um documento conhecido como Distrato de El Pardo (ou Tratado de El Pardo), de 1761. Esperava que novo território fosse oferecido pelos espanhóis como compensação.
(c) Tratado de Santo Ildefonso
Após a morte do rei Dom José I, que era o protetor do Marquês de Pombal, aconteceu um movimento político, liderado pela nobreza, conhecido como a Viradeira (ver link https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/marques-de-pombal-era-pombalina). A nobreza conseguiu forçar que Dona Maria, filha do rei, emocionalmente desequilibrada, se tornasse a nova governante. O objetivo era destruir a modernização estilo Despotismo Esclarecido, desenvolvida pelo Marquês de Pombal (que perdeu o poder).
Dona Maria I assinou com os Espanhóis o Tratado de Santo Ildefonso, de 1777, que foi muito desfavorável a Portugal. Por esse acordo os portugueses devolviam Sacramento e os Sete Povos aos espanhóis.
(d) Tratado de Badajós
Somente com a chegada ao poder do filho da rainha Maria I, o Príncipe Dom João, como Regente de Portugal, foi assinado um tratado de fronteiras melhor.
Com o Tratado de Badajós, de 1801, Dom João conseguiu quase uma reedição do Tratado de Madrid. Os Sete Povos das Missões ficaram para Portugal e a Colônia de Sacramento ficou para a Espanha.

Exercícios Complementares:   Formação Territorial do Brasil (2)


                        Este mapa mostra o território atual do Brasil. Ele deve servir de base para chegarmos a conclusões relativas a época colonial. Leia as instruções e responda. 

I -  Observe a área referente a região Nordeste do Brasil.         

(A)    As cidades marcadas com o nº 3 surgiram como resultado de conflitos militares. Contra quem os portugueses lutaram?

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(B)     Após expulsar os invasores, qual foi a realização dos colonizadores que originou a maioria das cidades assinaladas com o nº 3?
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(C)     A ocupação do interior do Nordeste não foi militar. Como foi?
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II – Observe um nº 4  assinalado sobre o local onde hoje está a cidade de São Paulo.
(A)  Qual foi o movimento que teve este local como ponto de partida principal, resultando no desbravamento do interior?
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(B)  O que os participantes destas expedições procuravam no interior?
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(C)  Por que estas expedições atacavam Missões de padres jesuítas na região sul?
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(D)  Explique o que era o Sertanismo (Bandeirismo) de Contrato.
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 III – A região marcada com o nº 2 não era, em sua maioria, domínio português até  (veja a linha que marca o Tratado de Tordesilhas).
(A)    O que os portugueses construíram para efetivar a dominação militar na região?
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(B)    Qual a exploração econômica desenvolvida nesta época? Dê exemplos.
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IV – Ao lado do Nº 5 aparece o nome Uruguai, que é um dos atuais países da região da bacia hidrográfica do Prata.
(A)  Como era chamada a colônia portuguesa fundada nesta região, na época colonial?
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(B)  Qual foi o acordo de fronteiras que usou o princípio do uti possidetis?
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(C)  Explique o motivo dos índios Guaranis tentarem impedir a posse portuguesa da região dos Sete Povos das Missões (nº 6).
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  V – Observe a região marcada com o nº 1.
(A)  Qual a produção econômica desenvolvida nesta região?
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(B)  Como as riquezas desta região foram encontradas?
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