1 - Bandeirantismo Com exercícios após o final da postagem
Geralmente o nome Bandeirismo
é aplicado a expedições espontâneas (sem vínculo com autoridades), em oposição
às Entradas, que ocorriam por ordem do rei, do governador Geral, do
governador de capitania ou de alguma outra autoridade.
Essas expedições tinham como
principal objetivo encontrar riquezas (metais preciosos e pedras preciosas) no
interior. Com o tempo, outras atividades foram desenvolvidas pelos
bandeirantes.
A maioria das expedições saíram da
vila de São Paulo, navegaram em canoas pelos rios Tietê e Paraná e destes para
quase todas as regiões do Brasil.
As bandeiras não povoaram, mas
abriram caminho para a colonização de amplos territórios em regiões espanholas
da América, que passaram ao controle português. A União Ibérica foi muito
favorável às bandeiras, pois foi uma época em que os limites do tratado de
Tordesilhas perderam importância.
Foram os bandeirantes os
responsáveis pelas descobertas de ouro e de pedras preciosas nas regiões
atualmente chamadas de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Podemos dizer que foram
desenvolvidos os seguintes tipos de bandeiras:
- Bandeiras de Prospecção (ou mineração) - procura de riquezas
minerais no interior.
- Bandeiras de caça ao índio – especializadas em atacar aldeias
indígenas ou Missões de jesuítas espanhóis, onde capturavam índios para vender
como escravos.
- Bandeirismo de contrato – grupos que se especializaram em atacar e
destruir aldeias de índios rebeldes ou quilombos. O serviço era encomendado por
uma autoridade ou por Câmaras Municipais.
- Monções – após a descoberta de ouro, em larga escala, alguns
bandeirantes sem minas passaram a abastecer aos mineradores com mercadorias
(mantimentos, ferramentas, armas, munição, etc. Continuavam a usar canoas e
navegar pelos rios para cumprir essa tarefa.
2 - Regiões Mineradoras
Até 1693, quando o bandeirante Antônio
Arzão encontrou um grande veio aurifico no rio Casca (região de Caetés), as ocorrências
de ouro no Brasil eram de pequenas jazidas. Esgotavam-se em pouco tempo de
exploração.
Após essa descoberta, muitas
outras aconteceram. Por conta da abundância de ouro a região passou a ser
denominada de Minas Geraes Del Rei.
Muita gente correu para a região
em busca do enriquecimento rápido. Pessoas de outras províncias, da metrópole e
até de outros países europeus. A população cresceu rapidamente.
Embora tendo emprego de índios como
escravos, a maioria dos trabalhadores cativos era formada por africanos.
Século do Ouro do
Brasil. A
expressão é muito usada para destacar a importância da produção do ouro
brasileiro, durante o século XVIII. Alguns estudiosos calculam que a produção
nesse período tenha superado largamente a produção de ouro da América Espanhola
toda, durante o período colonial todo.
(a) Administração
das Minas
- Intendência das Minas – tinha amplos
poderes administrativos, fiscalizador e policial, distribuía datas
(lotes de terra), além de ocasionalmente ser usado como tribunal para crimes ligados
à mineração.
-
Casas-de-fundição – local onde o ouro
era derretido (fundido) e transformado em
barras quintadas (já
descontado o valor do principal imposto, o Quinto). Foi uma tentativa de impedir
o contrabando do ouro, proibindo a circulação do ouro em pó e do ouro em
pepitas. (ver
Revolta de Vila Rica de
1720. – Link
https://www.historiadobrasil.net/resumos/revolta_de_vila_rica.htm)
(b) Diamantes
A
produção concentrava-se em torno de um povoado chamado Arraial do Tijuco
(atual cidade de Diamantina). Toda a ampla área ao redor era considerada Distrito
Diamantino, com rígidas restrições e regras de controle rigorosas.
A
Intendência
dos Diamantes seria tecnicamente um órgão muito forte. Porém, na prática, a
autoridade dos intendentes era ofuscada pelo poder do
Contratador. Todo
o comércio de pedras preciosas era centralizado nas mãos do contratador. Dessa
forma, o indivíduo que fosse nomeado para essa função se tornaria muito
poderoso. (Ver História da
Chica da
Silva. – Link
https://educacao.uol.com.br/biografias/chica-da-silva.jhtm)
(c) Principais impostos
- Quinto – pago à coroa portuguesas. Era
o principal imposto, com valor de 20% do peso do ouro, ou seja, 1/5).
- Capitação – imposto eclesiástico. Cobrado
proporcionalmente ao número de escravos empregados pelo minerador. Muitos
escravos, Capitação alta.
- Finta – substituiu a capitação por algum
tempo. Era cobrado valor fixo anualmente.
- Derrama – cobrança violenta dos
impostos considerados atrasados. A região toda sofria com essa cobrança.
(d) Sociedade – características gerais
- Escravista
- Urbana
- Com mobilidade
social
Mudanças causadas pela economia mineradora:
- Rápido crescimento populacional do
Brasil (século XVIII).
- Urbanização.
- Ocupação de regiões do interior.
- O eixo econômico foi transferido do
Nordeste açucareiro para o Centro Sul minerador.
- Interligação econômica das diversas
regiões do Brasil com as áreas mineradoras.
- Transferência da capital de Salvador
para o Rio de Janeiro (1763).
(e) Caminhos do Ouro – Caminho Real
Não seria correto chamar de
estradas os caminhos trilhados por tropeiros de burros e mulas, que
levavam ouro para os portos de exportação e subiam o planalto com mantimentos,
ferramentas, armas, munição, etc.
Na verdade, eram caminhos relativamente
precários. Inicialmente a região das minas esteve ligada a São Paulo. O caminho
mais importante e duradouro ligou Minas Gerais a Paraty (Caminho Velho).
Mais tarde, devido a transferência da capital para o Rio de Janeiro, foi criado
o Caminho Novo.
(f) Destino do Ouro do Brasil
Alguns dizem que
o século do ouro teria deixado Igrejas e buracos no Brasil, palácios em
Portugal e fábricas na Inglaterra.
A transferência
do ouro brasileiro para a Inglaterra foi resultado da assinatura do Tratado de
Panos e Vinhos (1703), mais conhecido como Tratado de Methuen.
Com esse acordo os
portugueses se comprometiam a vender toda a sua produção de vinho para os ingleses
e a comprar tecidos apenas da Inglaterra. O resultado foi o desaparecimento da
indústria portuguesa e a crescente dependência de Portugal em relação a
importações de produtos britânicos. O saldo comercial era negativo para Portugal.
Isso obrigava a usar o ouro proveniente do Brasil para pagar às dívidas
comerciais.
Por causa desse
acordo o ouro produzido no Brasil ajudou na acumulação de capitais, na
Inglaterra, que permitiu a Revolução Industrial naquele país.
3 - Fronteiras (tratados de limites)
(a) Tratado de Madrid
Além do avanço
sobre a Amazônia, sobre o Mato Grosso e sobre o interior da Região Sul, os portugueses
desenvolveram um plano de ocupação militar e de povoamento do litoral sul até a
foz do Rio da Prata. O controle da bacia hidrográfica do Prata era um objetivo
de Estado para o governo português. Para atingir esse objetivo, foi construído um
forte na foz do Rio da Prata, que deu origem à Colônia do Santíssimo Sacramento
(1680).
A reação
espanhola foi rápida. Fundaram a cidade de Buenos Aires do lado oposto da foz
do rio, quase em frente a Sacramento. A partir dessa época, os conflitos
luso-espanhóis cresceram na região.
O diplomata
português chamado Alexandre de Gusmão foi escalado para negociar com os
espanhóis. Ele argumentou que os portugueses já ocupavam amplas áreas além dos
limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas. Evocou o princípio de uti possidetis (direito de posse
a quem usa), encontrado no direito romano, para justificar as pretensões
portuguesas. Obteve sucesso em quase tudo.
Acertou com os
espanhóis, que não abriam mão do controle da foz do Rio da Prata, que
compensariam aos portugueses. Dessa forma, para Portugal devolver a Colônia do
Santíssimo Sacramento os espanhóis entregaram a região dos Sete Povos das Missões
do Rio Uruguai. Foi, portanto, uma troca.
Com essas bases
foi assinado, em 1750, o Tratado de Madrid, que deu ao Brasil uma configuração
territorial muito próxima do mapa atual.
(b) Distrato de El Pardo
As forças
portuguesas foram impedidas, pela população local, de tomar posse da Região dos
Sete Povos das Missões. Os habitantes eram índios guaranis, catequisados por
padres jesuítas espanhóis. Índios, incitados pelos padres, não aceitaram a
dominação portuguesa (relacionavam os portugueses com os bandeirantes que
atacavam as missões para aprisionar índios e vende-los como escravos).
Dessa forma começaram
as Guerras Guaraníticas (1753 – 1756). As forças portuguesas dominaram e destruíram
as missões jesuíticas daquela região.
O primeiro
ministro português, o
Marquês de Pombal (ver link
https://educacao.uol.com.br/biografias/marques-de-pombal.htm),
entendeu que os espanhóis receberam a Colônia de Sacramento sem dar a Portugal
nada em troca. Considerou que, se os lusitanos tiveram que fazer a guerra para
dominar os Sete Povos, têm direito por conquista militar sobre a região.
O Marquês anulou
o Tratado de Madrid com um documento conhecido como Distrato de El Pardo
(ou Tratado de El Pardo), de 1761. Esperava que novo território fosse oferecido
pelos espanhóis como compensação.
(c) Tratado de Santo Ildefonso
Após a morte do
rei Dom José I, que era o protetor do Marquês de Pombal, aconteceu um movimento
político, liderado pela nobreza, conhecido como a
Viradeira (ver link
https://www.coladaweb.com/historia-do-brasil/marques-de-pombal-era-pombalina).
A nobreza conseguiu forçar que Dona Maria, filha do rei, emocionalmente
desequilibrada, se tornasse a nova governante. O objetivo era destruir a
modernização estilo Despotismo Esclarecido, desenvolvida pelo Marquês de Pombal
(que perdeu o poder).
Dona Maria I assinou
com os Espanhóis o Tratado de Santo Ildefonso, de 1777, que foi muito desfavorável
a Portugal. Por esse acordo os portugueses devolviam Sacramento e os Sete Povos
aos espanhóis.
(d) Tratado de Badajós
Somente com a chegada
ao poder do filho da rainha Maria I, o Príncipe Dom João, como Regente de
Portugal, foi assinado um tratado de fronteiras melhor.
Com o Tratado de
Badajós, de 1801, Dom João conseguiu quase uma reedição do Tratado de Madrid.
Os Sete Povos das Missões ficaram para Portugal e a Colônia de Sacramento ficou
para a Espanha.
Exercícios Complementares: Formação Territorial do Brasil (2)
Este mapa mostra o
território atual do Brasil. Ele deve servir de base para chegarmos a conclusões
relativas a época colonial. Leia as instruções e responda.
I - Observe a área
referente a região Nordeste do Brasil.
(A)
As cidades marcadas com o nº 3 surgiram como resultado de conflitos militares. Contra quem os
portugueses lutaram?
___________________________________________________________________________________
(B)
Após expulsar os invasores, qual foi a realização dos
colonizadores que originou a maioria das cidades assinaladas com o nº 3?
__________________________________________________________________________________
(C)
A ocupação do interior do Nordeste não foi militar. Como
foi?
__________________________________________________________________________________
II – Observe um nº
4 assinalado sobre o local onde hoje
está a cidade de São Paulo.
(A) Qual foi o
movimento que teve este local como ponto de partida principal, resultando no
desbravamento do interior?
__________________________________________________________________________________
(B) O que os
participantes destas expedições procuravam no interior?
____________________________________________________________________________________
(C) Por que
estas expedições atacavam Missões de padres jesuítas na região sul?
___________________________________________________________________________________
(D) Explique o
que era o Sertanismo (Bandeirismo) de Contrato.
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
III – A
região marcada com o nº 2 não era,
em sua maioria, domínio português até
(veja a linha que marca o Tratado de Tordesilhas).
(A) O que os
portugueses construíram para efetivar a dominação militar na região?
_________________________________________________________________________________
(B) Qual a
exploração econômica desenvolvida nesta época? Dê exemplos.
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
IV – Ao lado do Nº
5 aparece o nome Uruguai, que é um dos atuais países da região da bacia
hidrográfica do Prata.
(A) Como era
chamada a colônia portuguesa fundada nesta região, na época colonial?
___________________________________________________________________________________
(B) Qual foi o
acordo de fronteiras que usou o princípio do uti possidetis?
__________________________________________________________________________________
(C) Explique o
motivo dos índios Guaranis tentarem impedir a posse portuguesa da região dos
Sete Povos das Missões (nº 6).
__________________________________________________________________________________
V – Observe a região marcada com o nº 1.
(A) Qual a
produção econômica desenvolvida nesta região?
__________________________________________________________________________________
(B)
Como as riquezas desta região foram encontradas?
___________________________________________________________________________________