quarta-feira, 22 de junho de 2016

Colonização Europeia na América (continuação)


3 - A Colonização Portuguesa na América (1ª parte)

          O Tratado de Tordesilhas foi o acordo assinado por Portugal e Espanha, em 1494, para a divisão do mundo. O interesse naquele momento estava nas margens do Oceano Atlântico (caminho para as Índias – Périplo Africano) e nas terras descobertas por Cristóvão Colombo (que alguns anos depois passaram a receber a denominação geral de “América”.
          Pelo texto do Tratado, o litoral Atlântico da América do Sul ficou para Portugal. Essa parte da América deu origem ao Brasil atual.
          Bem, vamos pensar um pouquinho.
          Se o Brasil era de Portugal desde 1494, a expedição comandada por Pedro Álvares Cabral, que passou pelo Brasil em 1500, tinha ainda alguma coisa para descobrir?
          Claro que não. Os portugueses teriam conhecimento de terras por esses lados há muito tempo, mas isso foi mantido em segredo. Só que a viagem de Colombo atrapalhou os planos lusitanos.
          Então, o que Cabral veio fazer aqui?
          A expedição de Cabral era bastante grande. Era formada por navegadores experientes. Jamais aqueles comandantes se perderiam (eram considerados os melhores do mundo na época).
          Cabral carregava 1500 soldados muito bem armados. Os navios portugueses eram as mais poderosas armas de guerra daquela época.
          Sua missão principal era assinar tratados comerciais com os reinos da Índia (fornecimento de especiarias). Se não fosse por bem, seria à força.
          A missão secundária seria tomar posse oficialmente das terras da América do Sul. Eram estrategicamente importantes para manter o domínio português sobre as duas margens do Oceano Atlântico. A finalidade era o controle sobre a rota das especiarias (Périplo Africano).
          Após breve parada no litoral da Bahia, A expedição de Cabral seguiu para a Índia com a maior naturalidade.


          Populações Nativas

          As populações indígenas encontradas no atual território do Brasil, antes dos portugueses chegarem, são frequentemente classificadas por grupos linguísticos. Cada grupo pode ser subdividido em várias nações com línguas diferentes. Essas nações podem ter várias tribos. Essas tribos localizam-se em diversas aldeias espalhadas por todo o território do Brasil.


          (a) Principais grupos indígenas:

- Tupi – Principalmente junto ao litoral, mas também em amplas áreas do interior.

- Jê (Gê) – Planalto central.

- Nu-Aruak (Aruak) – Amazônia ocidental.

- Caribe – Amazônia oriental e norte.

- outros grupos – Borôro, Pano, Charrua.

Obs – As estimativas mais aceitas mostram que havia mais de 3.000.000 (três milhões) de índios no Brasil.

          (b) Culturas indígenas

          A maioria das populações nativas estava no estágio técnico do “Paleolítico”, com tendências a passar para o “Neolítico”.



          Viviam da caça, pesca e coleta, mas já praticavam uma forma rudimentar de agricultura.
Quarup - festa indígena no parque nacional do Xingu


          A sociedade brasileira atual usa objetos, alimentos e costumes de origem indígena. Há também um grande número de palavras originários das línguas indígenas que foram incorporadas vocabulário corrente da língua portuguesa.

          Exercício – pesquisar na internet (0,5) – (anotar no caderno e mostrar ao professor).
- 10 objetos ou animais com nomes indígenas.
- 10 alimentos de origem indígena.
- 10 nomes de lugares atuais com origem indígena (toponímia).

 







 

          O extrativismo do pau-brasil e o escambo

          Enquanto não eram encontrados os metais preciosos (lembre-se do metalismo dos europeus), a principal riqueza retirada no Brasil era o pau-brasil (madeira avermelhada, de onde era extraída uma resina usada no tingimento de tecidos). De ótimo valor de venda na Europa.
Obs – o nome do país já era usado em mapas medievais (ilha do Bersil). Isso derruba a explicação de que o nome do país derive da árvore. Entretanto, aqueles que trabalhavam na extração e comércio do pau-brasil eram chamados de brasileiros. Essa é a origem do adjetivo pátrio que usamos.
          Sem ter como executar a extração da madeira nas matas litorâneas do Brasil, os europeus seduziam os nativos com objetos atraentes, mas de baixo custo. Trocavam essas bugigangas por pau-brasil (ibirapitanga). É um comércio de trocas (escambo).
          No período aproximadamente entre 1500 e 1530 (primeira expedição oficial de colo-nização) os europeus que habitaram o Brasil eram quase sempre náufragos ou degredados (condenados ao degredo perpétuo – geral-mente por motivos políticos). Nessa fase a pre-sença francesa era maior do que a portu-guesa.
          Os portugueses criaram feitorias (cons-truções precárias usadas como entreposto). Eram bases onde se armazenavam os toros de pau-brasil para serem embarcados para a Europa. Geralmente as feitorias eram usadas por períodos curtos (no máximo por poucos meses).
          O governo português decretou o estanco (monopólio do rei sobre o comércio do pau-brasil).
          É fácil concluir que o extrativismo do pau-brasil não gerou povoamento europeu ou colo-nização no Brasil.

 

          Expedições portuguesas no litoral brasileiro (1500 – 1530)

- Exploradoras – extrativismo do pau-brasil.

- De Reconhecimento – buscavam informações geográficas e riquezas. Organizavam incursões para o interior (entradas).

- Policiamento (guarda Costas) – tentavam inibir a presença de navios de reinos adversários no litoral brasileiro.

- Colonizadora – oficialmente foi a expedição comandada por Martim Afonso de Sousa (1530) que trouxe o primeiro grupo de colonos para povoar o Brasil. Na prática, sabemos que surgiram núcleos de povoamento português anteriores a 1530.

Obs – a maioria das expedições apresenta caráter misto.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A Colonização Europeia na América – Processo de Colonização Europeia na América (continuação)



          Antes de estudarmos a colonização portuguesa, que tem o início do processo na mesma época da colonização espanhola, será mais fácil nos ocuparmos primeiro com outros colonizadores. Como a colonização portuguesa deu origem ao Brasil, nos interessa desenvolver maiores detalhes. Convém deixarmos para o final.

 2) Colonizações tardias

          Alguns reinos europeus lançaram-se à expansão marítima com significativo atraso em relação aos Portugueses e aos espanhóis. Reagiram de forma desafiadora ao Tratado de Tordesilhas que não os beneficiava. Dessa forma, ocuparam vários trechos do território americano. Em vários casos a ocupação se tornou permanente, gerando processos de colonização com importantes peculiaridades.

(a) Colonização Inglesa.

          Os ingleses ocuparam uma faixa relativamente estreita no litoral da América do Norte (costa leste), entre o Oceano Atlântico e os montes Apalaches (Aleganes). Nessa região não foram encontradas especiarias ou minas de metais preciosos.

          Origem
          A Inglaterra iniciou timidamente seu processo de expansão marítima no final do século XV, após a Guerra das Duas Rosas (longa disputa pelo trono). No entanto, as expedições que a princípio pretendiam encontrar uma passagem para o Oriente, não tiveram resultados efetivos.

          No século XVI a Inglaterra vivia uma conjuntura crescentemente favorável à expansão além mar. O comércio enriqueceu a burguesia e o país passou a ter uma grande frota. Do ponto de vista social, havia nas cidades inglesas uma grande massa de homens pobres, resultado do êxodo rural, provocado pelos "cercamentos dos campos" e outra camada de origem burguesa, porém que sofria com as perseguições religiosas. Parte desses dois grupos migraram para regiões da América do Norte onde iniciaram as atividades colonizadoras inglesas.

          No reinado de Elizabeth I (1558 – 1603), a Inglaterra desenvolveu atividades de corso e de pirataria se tornou uma importante fonte de lucros sustentada no assalto de navios espanhóis que saíam da América com destino à Europa. A criação da colônia da Virgínia, por Walter Raleigh (1607) deu início ao processo de colonização britânico.

Mayflower
          No ano de 1620, o navio Mayflower saiu da Inglaterra com um grupo de artesãos, pequenos burgueses, comerciantes, camponeses e pequenos proprietários interessados em habitar uma terra onde poderiam prosperar e praticar o protestantismo livremente (eram “puritanos” – uma das correntes do protestantismo calvinista). Chegando à América do Norte naquele mesmo ano, os colonos fundaram a colônia de Plymouth (depois chamada de Massachusetts) que mais tarde deu origem a região conhecida como Nova Inglaterra.
desembarque dos colonos puritanos
          Características gerais da colonização

- Agências de imigração – organizavam os grupos de imigrantes e direcionavam para áreas coloniais específicas.

- Iniciativas populares – construção da igreja (protestante) e da “Escola de Primeiras Letras” em cada área de colonização.

- Servidão por contrato – os imigrantes que não tinham recursos para fazer a viagem para a América pagavam com alguns anos de trabalho (frequentemente por sete anos).

- administração colonial – todas as treze colônias criadas pelos ingleses possuíam grande autonomia política e administrativa (self-government ou auto-governo). Isso quer dizer que o governo inglês criava regras básicas, mas interferia pouco no processo de colonização. Algumas colônias eram reais (com o governador nomeado na Inglaterra) outras eram particulares (governadores escolhidos pelos colonos). Todas as colônias tinham uma assembleia legislativa local, chamada “Meeting House” (formada por colonos, eleitos pela população local), que elaboravam as leis locais e controlavam os atos do governador.

- Universidades (Harvard e Yale) e jornais locais (circulação de informações).


          Diferenças regionais

          A região das Treze Colônias Inglesas é frequentemente dividida de acordo com as características climáticas: ao norte (Nova Inglaterra) o clima é temperado (verões amenos e invernos rigorosos) e ao sul o clima é subtropical (verões quentes e invernos suaves). O clima ajuda a explicar as diferenças de desenvolvimento econômico e social entre as regiões das Treze Colônias.

- Colônias do Norte (Nova Inglaterra) – colonização de povoamento.

  * produção de subsistência – alimentos para consumo local.
  * predominas as pequenas e médias propriedades rurais.
  * mão de obra livre.
  * desenvolvimento da produção manufatureira.
  * processo de urbanização.

- Colônias do Sul – colonização de exploração.

  * produção direcionada à exportação – algodão, tabaco e anil.
  * sistema de “plantation” (ou plantagem) – latifúndio + monocultura + exportação.
  * mão de obra escrava – de origem africana.
  * sociedade rural - elite aristocratizada.          

 

          Comércio Triangular

          Os colonos da Nova Inglaterra descobriram que o excedente de alimentos que produziam poderia ser levado para a região das Antilhas (ilhas do Mar do Caribe), onde havia carência desses produtos. Construíram seus próprios navios e passaram a frequentar aquela região. Nas Antilhas aprenderam a vantagem de comprar melaço (subproduto da cana de açúcar), que usavam para fabricar rum na Nova Inglaterra. Perceberam também que o rum era muito apreciado na África, onde era feito escambo (trocavam rum por escravos). Conseguiam escravos por baixo custo e os revendiam nas Antilhas e nas Colônias do Sul, com ótimos lucros. A essa estrutura de trocas comerciais chamamos de “Comércio Triangular” e foi a responsável pelo surgimento da “burguesia colonial”.

           A pouca preocupação dos ingleses em fazerem valer as regras do “pacto colonial” permitiu o desenvolvimento das Treze Colônias. A isso chamamos de “Negligência Salutar”.

Obs. – Além das Treze Colônias, os ingleses dominaram algumas das Antilhas (Bahamas e Jamaica), parte da América Central (Belize ou Honduras Britânicas) e parte das Guianas. Nessas áreas predominou a plantation de cana de açúcar com mão de obra escrava africana.



          (b) Colonização Francesa

          Os franceses também não aceitaram o Tratado de Tordesilhas, ocuparam terras na América do Norte (Canadá e Lousiana), nas Antilhas (Haiti, Jamaica e Guadalupe) e nas Guianas.

Canadá e Louisiana – destaque para as produções de madeira, peles e agricultura de subsistência.

Antilhas e Guiana – predomínio da plantation de cana de açúcar com a utilização de mão de obra escrava de origem africana.



          (c) Colonização Holandesa

          Os holandeses dominaram algumas ilhas nas “Pequenas Antilhas” e parte da Guiana. Nessas áreas produziam basicamente açúcar utilizando a plantation e a mão de obra escrava de origem africana.

Obs. – os colonizadores ingleses, franceses e holandeses não costumavam empregar os índios como mão de obra. As populações nativas foram geralmente deslocadas ou eliminadas à força das armas europeias.

Exercício.

Pesquise e escreva em seu caderno a respeito das seguintes expressões:
(a pontuação será anotada pelo professor durante as aulas - 0,5) - É trabalho obrigatório.
1 - CALVINISMO.
2 - CERCAMENTO DOS CAMPOS.
3 - SERVIDÃO POR CONTRATO.
4 - SELF-GOVERNMENT(auto governo nas Treze Colônias).
5 - COMÉRCIO TRIANGULAR.