América Latina (1) - Independências

Exercícios após o final do texto (com gabarito)

I - Bolivarianismo

Hugo Chaves

É importante começarmos com assuntos relacionados a política internacional recente e atual. No caso com o uso da imagem, do nome e da história de um dos personagens de maior destaque nos processos de independência dos países da América Latina. 

Hugo Chaves (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia)

Quando Hugo Chaves chegou ao poder na Venezuela, em 1999, deu início ao Movimento Bolivarianista. Pregava uma ideologia que defendia uma versão latino-americana de socialismo além de atacar a política internacional dos Estados Unidos. Sua influência política ampliou-se para outros países, tais como Bolívia (Evo Morales), Equador (Rafael Correa) e Nicarágua (Daniel Ortega).

Outros governantes de países de países do continente também mostraram grande afinidade com o Bolivarianismo como Michelle Bachelet (Chile), Nestor Kirchner e Cristina Kirchner (Argentina) e Lula e Dilma (Brasil).

Hugo Chaves (Venezuela), Néstor Kirchner (Argentina) e Lula (Brasil)

Após a Morte de Hugo Chaves, em 2013, o Bolivarianismo (ou Chavismo) passou a seguir a liderança do presidente Nicolás Maduro (Venezuela).

Nicolás Maduro - presidente da Venezuela

II - Informações Históricas 

Durante o século XVIII cresceu a resistência das elites locais (criollos) contra o pacto colonial imposto pelo governo espanhol às colônias americanas.

Diversos movimentos rebeldes apontaram, essa insatisfação dos criollos que, embora tivessem poder econômico, não podiam exercer os principais cargos na administração de suas regiões.

1 – Influências externas

- Ideias iluministas, independência dos Estados Unidos e Revolução francesa – esses eventos estimulavam a elite melhor informada a rebelião.

- Revolução industrial – a dependência espanhola em relação à Inglaterra cresceu durante o século XVIII, sobretudo depois do Tratado de Utrech (1713), que estabeleceu o tratado de paz na Guerra de Sucessão ao Trono Espanhol, quando França e Espanha foram derrotadas pela Inglaterra e seus aliados. A Inglaterra passou a ter o direito a enviar à América Espanhola o “Navio de Permisio”, com mercadorias inglesas, e a ter o “Direito de Asiento”, fornecendo escravos africanos.

- Guerras Napoleônicas – a invasão francesa à Espanha desorganizou a estrutura de dominação espanhola na América. Os Cabildos das capitais das colônias assumiram o papel de governo e de resistência contra os franceses. Mas, como eram compostos por criollos, alguns Cabildos aproveitaram a oportunidade e lideraram movimentos separatistas (independências).

- Reformas Bourbônicas – devido ao Despotismo Esclarecido do Primeiro Ministro Gabriel Aranda e seus sucessores, na época da dinastia Bourbon, o governo espanhol impôs mudanças administrativas na América para reafirmar o pacto colonial: fim do regime de “Porto Único”; redução dos poderes dos cabildos (câmaras) e dos governadores; aumentos de tributos; reforço da autoridade dos “peninsulares” em detrimento dos criollos; proibição de atividades que fizessem concorrência com a metrópole. Estas mudanças causaram grande insatisfação às elites coloniais (criollos).

2 – Revoltas Regionais

- Rebelião indígena de Tupac Amarú (1780 – 1781) – mobilizou grande quantidade de índios e de mestiços com o objetivo de recriar o Império Indígena doa Andes. Amplas áreas do Vice-Reino do Peru foram dominadas. Mas, recebendo pouco apoio da elite criolla e devido a forte repressão das tropas espanholas, o movimento foi eliminado.

- Movimento Comunero (1781) – na Colômbia, as ruas da cidade de Socorro foram tomadas pelos manifestantes: prédios públicos foram destruídos e funcionários perseguidos. Foi eleita nessa cidade uma “Junta” para organizar a rebelião, chamada de El Comum, com participação de muitos índios. Em pouco tempo, várias outras cidades passaram a apoiar a rebelião. A elite criolla ajudou a reprimir o movimento, pois temia perder mão de obra.

- Revolta de Francisco Miranda (1806) – Com a ajuda britânica, Miranda realizou uma invasão na Venezuela em 1806. Entretanto, apenas em 1810 a Venezuela iniciou seu processo de independência, pelo qual Simón Bolívar persuadiu Miranda a voltar a sua terra natal, onde lhe fizeram general do exército revolucionário. Quando o país declarou formalmente a independência, em 5 de julho de 1811, ele assumiu a presidência com poderes ditatoriais. As forças espanholas contra-atacaram e Miranda, temendo uma derrota brutal e desesperada, assinou um armistício com os espanhóis em julho de 1812 (Tratado de La Victoria).

Simón Bolívar

3 – Processos de Independência

- Paraguai (1811) – o movimento foi desenvolvido pelo Cabildo de Assunção. País passou a ser governado por José Gaspar de Frância (General Frância).

- México (1813) – o padre Hidalgo e o padre Morelos foram precursores do movimento, de forte apoio popular, que buscava a independência. O processo político deu início a uma fase de grande instabilidade e conflitos. Um general do exército espanhol, Augostín Iturbide, ocupou o poder e autoproclamou-se imperador do México (1823). Esta estranha monarquia produziu novas revoltas, que culminaram com a proclamação da república por Guadalupe Vitória, em 1823.

- Simon Bolivar - foi o líder político e militar venezuelano, chefe dos movimentos político-militares que libertaram a Venezuela (1816), Colômbia, Equador, Panamá, Peru e Bolívia do domínio espanhol. O sonho de unir todas as antigas colônias espanholas pareceu próximo quando presidiu a Grã Colômbia (Venezuela, Colômbia, Panamá e parte do Equador). Porém, a ideia foi definitivamente recusada pelos demais governantes da região por ocasião do Congresso do Panamá (1826).

San Martin

- San Martin – Foi líder do processo de independência da Argentina (1816) e teve importante participação nos processos de libertação do Chile (1818 – com Bernardo O’Higgins) e do Peru (1821) da dominação espanhola.

4 – Independência do Haiti (1804) – foge às explicações usadas para os outros processos de independência da região. Era colônia Francesa e viveu um longo conflito iniciado com as revoltas negras em 1791. Fortemente influenciado pela Revolução francesa (época jacobina), foi a primeira república negra e o primeiro país a eliminar a escravidão. Líderes: Toussaint L’Ouverture e Jean-Jaques Dessalines.

Revolta dos Escravos na Colônia de São Domingos (Haiti)

Exercícios – As Independências na América Latina (gabarito no final)

         O processo de independência dos países latino-americanos mostrou vários episódios com movimentos fracassados durante a segunda metade do século XVIII. Várias condições precisaram ser desenvolvidas, a política local e nas questões internacionais, para que os primeiros movimentos separatistas obtivessem sucesso.

1 – Tupac Amaru conseguiu dominar amplas regiões dos Andes e formar um numeroso exército. Como podemos explicar o fracasso do plano de recriação do Império indígena?

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2 – Explique o interesse inglês nos processos de independência da América Espanhola.

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3 – Como podemos relacionar a independência do Paraguai (1811) com as guerras Napoleônicas na Europa?

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4 – No Congresso do Panamá (1826) Simón Bolívar viu ser sepultado o grandioso plano político para a América Espanhola.

(A) Qual era o grande plano político de Bolívar?

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(B) Relacione o movimento bolivariano, desenvolvido nas últimas décadas, aos ideais de Simón Bolívar.

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5 – Por que o avanço do movimento militar, liderado por Simón Bolívar, não progrediu, em direção ao sul, além do Vice-Reino do Peru?

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6 – Compare o processo de independência política do Haiti com os que ocorreram na maioria dos países da América Espanhola.

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Sugestão de leitura para as horas vagas

Gabarito:

1 – Seu exército era formado, basicamente, por índios e mestiços. Tupac Amarú também era mestiço. Receberam pouco apoio das elites coloniais e nenhuma simpatia ou ajuda por parte da Inglaterra.

2 – Interessava aos britânicos o fim do monopólio comercial espanhol sobre as colônias. Terminando este monopólio, seria possível ampliar as vendas de produtos manufaturados aos novos países independentes que estariam surgindo na América (época da Revolução Industrial).

3 – A “Junta Governativa” de Assunção (capital do Paraguai) assumiu a liderança política e administrativa paraguaia por ocasião da prisão do rei espanhol, logo após a invasão francesa à Espanha. Este governo, inicialmente temporário, proclamou a independência do país.

4 – (a) Bolívar planejava unir todos os países de língua espanhola, na América, para formar um grandioso Estado independente.

   – (b) O líder político venezuelano Hugo Chaves buscou no sonho unificador de Simón Bolívar a base de sua ideologia. Pregava a unidade ideológica dos latino americanos em questões sociais e na política internacional que aponta os EUA como adversários.

5 – Devido ao processo semelhante liderado por Sam Martin, que conquistou as independências da Argentina e do Chile, chegando ao Vice-Reino do Peru simultaneamente a Bolívar.

6 – Enquanto os processos políticos emancipacionistas, na América Espanhola, foram liderados pela elite local (criollos), no Haiti, todo o processo foi liderado por escravos rebelados.