Durante os séculos XV, XVI e XVII
alguns reinos europeus organizaram expedições marítimas que exploraram os
oceanos e encontraram rotas para todas as partes do mundo. África, Ásia e
América passaram a ser sistematicamente exploradas, suas populações sofreram
dominação e as suas matérias primas foram levadas, o que enriqueceu a Europa.
O
comércio que era restrito as rotas de caravanas terrestres e aos mares que
banham a Europa passou a ser mundial. Frequentemente dizemos que esse seria o
início do processo de “globalização”.
I – Pré-condições
Para
que fosse possível a expansão marítima acontecer algumas condições prévias se desenvolveram.
- Formação dos Estados Nacionais – centralização política e
administrativa sob a liderança dos reis.
- Desenvolvimento técnico – armas de fogo, aperfeiçoamento dos navios, instrumentos de navegação, abundância de capitais, interesse produtos orientais (especiarias) sem a intermediação das cidades italianas e mercadores muçulmanos (monopólio árabe-italiano sobre o comércio de especiarias).
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- Desenvolvimento técnico – armas de fogo, aperfeiçoamento dos navios, instrumentos de navegação, abundância de capitais, interesse produtos orientais (especiarias) sem a intermediação das cidades italianas e mercadores muçulmanos (monopólio árabe-italiano sobre o comércio de especiarias).
- Carência de metais preciosos – desejavam encontrar ouro e prata
fora da Europa; faltava metais para fabricar moedas.
- Excedentes populacionais disponíveis – para serem mobilizados como marujos, soldados, funcionários de “além-mar” e colonos (pessoas que aceitavam viver nas terras conquistadas).
- Disponibilidade de capitais para investir em expedições – Igreja
(expansão da fé), burguesia (ampliação do comércio) e nobreza (terras), rei
(ampliação do poder e do prestígio).
- Ideologia da expansão do cristianismo – desejava converter os
pagãos de outros continentes.
II – Rota do Périplo Africano (ou
Rota Oriental).
A
ideia de contornar o continente africano para chegar às Índias foi desenvolvida
por navegadores portugueses.
Portugal
foi o pioneiro na expansão marítima por ter reunido condições para investir em
navegações (expedições marítimas)
muito antes dos outros reinos da Europa.
a)
Pioneirismo português nas navegações
- Centralização precoce do poder do rei – A “Revolução
de Avis” (1385) fez do rei D. João I o primeiro monarca em estilo moderno (quase absolutista).
Astrolábio
- Desenvolvimento técnico – em Portugal aconteceu a invenção de
muitos equipamentos usados em navegações (caravelas e naus, bússola, sextante,
cartas náuticas, canhões adaptados aos navios, etc.).
- Infante D. Henrique – filho caçula do rei D. João I com quer ficou
a tarefa de organizar as expedições da primeira fase da expansão, incentivar o
desenvolvimento técnico e encontrar fontes de capital (geralmente com a Igreja
Católica).
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b)
Périplo Africano
As
expedições portuguesas encontravam terras cada vez mais ao sul da África, mas o
projeto do “périplo africano”
(contorno da África para chegar às Índias) só surgiu depois da morte do
príncipe D. Henrique. Um sobrinho-neto do Infante D. Henrique se tornou rei, D.
João II, e passou a investir na descoberta do “caminho marítimo para as Índias”.
Principais etapas das conquistas na África
até o périplo:
- 1434 – os portugueses chegaram ao Cabo
Bojador.
- 1462 – Pedro Sintra descobriu o ouro
da Guiné.
- 1481 – decretado o monopólio régio
(exclusividade da coroa) sobre a exploração colonial.
- Entre 1497 e 1498 – Vasco da Gama chegou a Calicute, nas Índias dando
por encerrada a aventura marítima portuguesa.
Assista ao vídeo produzido por portugueses
explicando a expansão marítima no sentido técnico naval. Acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=OigfEaxZRs4
III – Rota Ocidental
A
unificação da Espanha avançou quando o rei Fernão (Fernando), do “Reino de Aragão”, casou-se com a rainha
Izabel, do “Reino de Castela”. Esse
casamento juntou os dois reinos resultando no surgimento do “Reino da Espanha” (1479).
Em
1492 a rainha Isabel resolveu financiar um projeto de expedição que era muito
ousado: navegar direto paro o Ocidente
para chegar às Índias (Oriente). Era a ideia de um italiano chamado Cristóvão Colombo, que se baseava na teoria da esfericidade da Terra.
A
expedição de Colombo resultou no início das explorações do “Novo continente”, ou Novo Mundo, (1492), que mais tarde
passou a ser conhecido como “América”.
Outra
expedição importante nessa fase foi a viagem comandada por Fernão de Magalhães, durou de 1519 a 1522. Ele recebeu a tarefa de
encontrar o caminho marítimo para o Oceano Pacífico pela América. Sua esquadra
contornou o extremo sul da América do Sul e atravessou o Oceano Pacífico.
Magalhães morreu em conflito com nativos. Seu imediato, Sebástian Elcano,
continuou cada vez mais para o Oeste, voltando para a Europa. Essa foi a primeira viagem de “circunavegação”
(fez a volta no mundo). Foi a primeira prova prática de que a Terra tem formato
esférico.
IV – Tratado de Tordesilhas
(1494)
O rei
D. João II, de Portugal, não aceitou que as terras encontradas ao Ocidente (a
América) ficassem de posse da Espanha. Depois de alguma pressão e longas
negociações foi assinado um acordo entra Portugal e Espanha: o “Tratado
de Capitulación de Bipartición del Mar Oceano”, mais conhecido como “Tratado de Tordesilhas” (é o nome da
cidade espanhola onde o acordo foi assinado.
Foi
combinado em Tordesilhas que um meridiano que passaria a 370 léguas a oeste das
ilhas Cabo Verde marcaria a divisão das terras encontradas. A leste do meridiano
a posse seria portuguesa. A oeste seriam da Espanha.
Esse
foi o primeiro tratado internacional em
estilo moderno. Modelo seguido em muitos outros acordos internacionais
criados posteriormente.
Obs
–
A parte da América que ficou com Portugal é o litoral leste da América do sul.
Esse território deu origem ao Brasil.
Se o Tratado de Tordesilhas foi assinado em 1494, em 1500 Cabral teria
alguma coisa a descobrir, ao chegar ao Brasil?
V – Navegações tardias
França,
Inglaterra e Holanda demoraram mais a centralizar o poder e formar seus Estados
Nacionais Modernos. Essa demora limitou a capacidade desses países de
lançarem-se à expansão marítima de forma eficiente.
Algumas
expedições buscaram caminhos marítimos pelo norte para chegar ao Oriente. Essas
tentativas colocaram os exploradores desses países em contato com a parte norte
do continente americano. Esse fato explica a
colonização anglo-francesa na América do Norte.
Há
destaque para a segunda viagem de circunavegação. Essa expedição foi comandada
pelo inglês Francis Drake.
Obs –
Podemos dizer que a expansão marítima decorrente da fase das “Grandes Navegações” (séculos XV a XVII)
difundiu o padrão cultural europeu nos continentes explorados comercialmente.
No caso de América a imposição desse padrão causou consequências mais amplas
devido a submissão imposta à população nativa no processo de conquista e
colonização. Portanto, o “eurocentrismo”
está intimamente ligado à expansão marítima e comercial europeia no mundo.
– Ocorreu progressiva diminuição da
importância do Mar Mediterrâneo na mesma proporção que crescia a importância das
rotas comerciais que cruzam o Oceano
Atlântico.
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